OLIVEIRA, Selmane Felipe de (2011). Rockers. Http://profelipe.weebly.com/rockers.html
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Obra registrada na Fundação Biblioteca Nacional
Copyright 2011 / Selmane Felipe de Oliveira
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"Exijo a possibilidade de viver plenamente a contradição da minha época, que pode levar de um sarcasmo a condição de verdade." Roland Barthes
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EGOS E IRONIAS NO ROCK
ROCK, POP MUSIC E AS OPÇÕES SEXUAIS
SHOWS DE ROCK
ROCK & SUPERMODELOS
SYD BARRET E O PINK FLOYD
JIMMY PAGE & KEITH RICHARDS
ROCK AND ROLL ALL NITE
RIVALIDADES E INTRIGAS NO ROCK N' ROLL
O ROCK REPETIU...
CONSTANTINE, CHARMED E LED ZEPPELIN
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EGOS E IRONIAS NO ROCK
O Led Zeppelin foi formado por dois experientes músicos de estúdio - Jimmy Page e John Paul Jones - e dois jovens desconhecidos - Robert Plant e John Bonham -, sendo que um revolucionaria o jeito de tocar bateria e definiria, de certa maneira, o caminho que o grupo iria tomar (inicialmente, Page havia pensado em formar um grupo mais acústico, "folk"). O mais inexpressivo no começo da banda era o vocalista Plant - tão inexpressivo, que, na época, o assistente do empresário do Led Zeppelin, Richard Cole (sim, aquele indivíduo de bigode que leva uma bronca enorme de Peter Grant no filme "The Song Remais The Same") mandou o vocalista comprar sanduíches para o pessoal do grupo (ver o livro "Hammer of Gods"). Claro que logo essa situação mudaria e Robert Plant seria um dos destaques do Zeppelin e um dos ícones do rock.
Depois do fim da banda, Plant gostava, algumas vezes, de fazer trocadilhos ou falar mal do Led Zeppelin. Talvez ele nunca tenha esquecido a humilhação de Richard Cole... Quando fez o seu primeiro disco solo, "Pictures of Eleven", ele o mostrou para os ex-companheiros Page e Jones. Page aprovou. Jones fez críticas: "Bem, ah, eu pensei que você poderia ter feito algo um pouquinho melhor, velho amigo." Ao que Plant respondeu: "bem, obrigado. E mais uma vez, eu sou apenas o cantor das músicas." (Guitar World, July 1986, p. 64)
Robert Plant não esqueceria as críticas de John Paul Jones. Quando resolveu fazer o "unplugged" da MTV (com Jimmy Page) e em seguida grava dois álbuns e realizar duas tours, Plant responderia ao baixista do Zeppelin. Sempre que era questionado por que Jones não havia sido convidado para participar do projeto, Plant respondia com alguma piada ou ironia, como "Jones ficou lá fora estacionando os carros..."
Quando Jimmy Page fez o projeto com David Coverdale, Robert Plant o criticou bastante, sobretudo afirmando que Coverdale o imitava e que se o que ele (Plant) fazia na época (do Zeppelin) já era ridículo, imagina o que sobraria para os plagiadores.
Robert Plant exagerava, claro, e não poupava nem a si mesmo. As ironias quanto à importância do Led Zeppelin devem vir do fato de que tudo na banda era criado e controlado por Jimmy Page. Não havia dúvidas de que se tratava do grupo de Jimmy Page. Plant era "apenas o cantor das músicas." Apesar de ter feito letras interessantes, como "That's the Way", "Going to California" e "The Rain Song", o vocalista era acusado de plágio. A sua justificativa seria que nem sempre dava para acompanhar a criatividade musical de Jimmy Page. Ou seja, o guitarrista chegava com a música e ele tinha que criar a letra. Nas palavras do próprio Robert Plant:
"O 'riff' do Page é o 'riff' do Page e pronto. Ele estava lá antes de qualquer coisa. Daí, eu pensava: 'bem, o que eu vou cantar?' Foi isso [com a letra de Whole Lotta Love], um plágio. Ainda bem que agora já foi pago. Na época, houve muita conversa sobre o que fazer. Foi decidido que a música estava tão além do seu tempo... Bem, você só é descoberto quando faz sucesso. Esse é o jogo." (Musician, June 1990, p. 47)
O reconhecimento do talento de Jimmy Page não era feito somente pelos companheiros de banda. Na época em que era músico de estúdio, Page participou de gravações de grupos como The Who e The Kinks. Keith Richards conheceu Page com a ajuda de Ian Stweart (o "sexto" stone) - aliás, Stu foi um dos poucos que participou de um disco oficial do Led Zeppelin. Jimmy Page participou de alguns discos dos Stones na década de 1960, assim como John Paul Jones. Depois do fim do Zeppelin, Keith Richards chamou Page para ajudar no álbum "Dirty Work". Sobre a relação entre os dois, Richards lembrou uma história interessante:
"De fato, para 'Heart of Stone', Jimmy fez a demo original. Andrew [Loog Oldham, produtor] iria passar a música para outra pessoa. Assim, quando decidimos que 'nós' faríamos a música, eu copiei o solo de Jimmy (quase) nota por nota." (Guitar World, July 1986, p. 72)
Falar da história do rock é tratar de egos e de ironias. Talvez por isso seja praticamente impossível pensar numa análise freudiana no que diz respeito aos ícones deste estilo musical...
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ROCK, POP MUSIC E AS OPÇÕES SEXUAIS
Na década de 1970, você classificava o rock basicamente em dois estilos: o pesado ou o progressivo (mais teclados e menos barulho). No primeiro estilo, apesar das diferenças, estavam Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple e muitos outros. No segundo, eram lembrados Yes, Emerson, Lake & Palmer e Pink Floyd (principalmente da primeira fase). Atualmente, são inúmeros estilos e mesmo as bandas citadas entrariam em outras categorias.
Sempre ouvi mais rock pesado e, como outros "headbangers", desprezava qualquer coisa que não fizesse barulho - especialmente a "pop music". Isso mudou um dia que um amigo de faculdade disse para eu ouvir o Power Station. Eu respondi: "você ficou louco, esses caras não tocam no Duran Duran?" Ele respondeu: "sim, é verdade, mas o som é pesado." Ouvi e gostei. Descobri que muitas garotas gostavam também. Por causa do Duran, passei a ter contato com elas e deixei o meu preconceito contra outros estilos musicais. Elas eram as "duranies". Eram lindas e tive casos com algumas, mas isso é outra história.
Em 1991, não esperava nada do show do George Michael no Rock in Rio e fiquei impressionado com a voz dele e o show simples e objetivo. O disco "Faith" tornou-se um dos meus favoritos - certamente um dos álbuns mais "sexuais" produzidos até hoje. Nos vídeos, ele aparecia com mulheres maravilhosas, tudo era muito sexy. Um dia, ele declarou para a imprensa que era homossexual. Anos depois, Ricky Martin fez o mesmo. Imagino a cena: você reúne a imprensa para dizer que é gay. Para quê, exatamente? O que isso tem a ver com a produção musical deles? Até o vocalista do grupo de heavy metal - um estilo bem machista - Judas Priest fez tal declaração.
Aparentemente, seria como se eles tivessem pedindo desculpas por suas opções sexuais ou por ter "enganado" as pessoas com suas imagens de "machos". Sério?! Quem gosta de música, gosta pelo som e pela voz do artista. Não tem nada a ver com a sua opção sexual. Provavelmente, são os assessores, que cuidam da imagem deles, que devem ter essas idéias "brilhantes" de esconder e depois revelar a sexualidade de cada um. Isso ajudaria a vender mais CDs ou levaria um artista à decadência?
Eu entendo este "cuidado" na década de 1950, com todo aquele conservadorismo, quando atores e cantores deveriam se portar como "verdadeiros homens". Entretanto, pensar nesta lógica pós-anos 1990 não faz o mínimo sentido. A sociedade, de um modo geral, ainda é preconceituosa, mas no meio artístico este tipo de questão já foi resolvida. Talvez por isso, seja curioso quando alguém marca um entrevista coletiva para revelar a sua opção sexual...
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SHOWS DE ROCK
Aqui no Brasil, para se ver o show de uma grande banda de rock, normalmente você tem que ir num estádio. Foi assim que vi, por exemplo, The Rolling Stones, U2 ("Pop Mart Tour") e AC/DC. É difícil assistir ao show de um grupo assim num lugar pequeno. No caso do U2, tive a oportunidade de vê-los num ginásio em Paris - experiência bem mais interessante que o show no Morumbi.
Bandas consideradas "independentes" podem vir ao país e tocar em casas de espetáculos, não em estádios. Nesta categoria, vi, por exemplo, Cocteau Twins (SP), The Sisters of The Mercy (SP e Rio) e Jesus and Mary Chain (Rio). Fora do Brasil, vi um show do Depeche Mode em Frankfurt. Vendo por esse lado, o estádio não parece ser um lugar adequado para um show (mesmo sabendo que em alguns casos, não existiria outra alternativa).
O festival pode ser uma oportunidade para ver os grupos "alternativos". Vi Sonic Youth em São Paulo (o show não foi lá essas coisas...). No mesmo festival, ocorreu um show que valeu a pena: Nine Inch Nails. Assistir B-52's ao vivo com a participação de Tina Weymouth e Chris Frantz do Talking Heads foi uma das melhores experiências que tive. No Rio, em outro festival, vi Jesus Jones. Na época, gostei do show. Mas o fim da banda não me incomodou. Ver, em Sampa, The 69 Eyes foi uma boa experiência, pena que foi durante o dia e o sol estava muito quente (algo incompatível com o estilo do grupo). Tristania, em 2008, também pareceu estar no local errado e ser escalada num horário inadequado. Isso, claro, afeta a qualidade do show.
Um problema do festival é a quantidade de bandas. Isso acontece não só porque quantidade não representa necessariamente qualidade. Outra coisa é que você vê tanto grupo que depois esquece do que viu. Neste sentido, eu vi e não lembro uma música de shows como Ugly Kid Joe, Joe Cocker (infelizmente...), Santana (idem...), No Doubt, Terence Trent D'Arby e Information Society (ainda bem...).
Um dos melhores festivais foi o Hollywood Rock de 1993. As bandas eram Nirvana, Alice in Chains, Red Hot Chili Peppers e L7. Precisaria mais? O show mais "interessante" que vi (não encontro outro adjetivo) foi o do Happy Mondays no Maracanã (praticamente vazio), debaixo de um temporal, as duas da manhã, no Rock in Rio II, depois do A-Ha e do Paulo Ricardo. Entre os primeiros a se apresentar naquele sábado, estavam Debbie Gibson (depois deixou de ser famosa e posou para a Playboy americana...) e Information Society (um grupo que tocou, inclusive, em Uberlândia... assim como o A-Ha). Em 1991, o Happy Mondays era a principal banda da cena "alternativa" inglesa. Eu sabia da importância dos caras pois lia bastante os jornais Melody Maker e New Musical Express. Infelizmente, naquele noite, não havia muita gente assim no Maracanã.
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ROCK & SUPERMODELOS*
(*) Este texto foi escrito em janeiro de 2011.
O termo "groupie" aparece no filme "Quase Famosos" ("Almost Famous") e foi definido, na década de 1970, a partir das ações de garotas que faziam de tudo se envolver com seus ídolos. No período, o principal grupo de rock, Led Zeppelin, era também o que mais estava envolvido com as groupies. O guitarrista Jimmy Page, na época, namorou uma menina de 14 anos. São inúmeras as fotos dos músicos do Zeppelin com as groupies. As histórias são relatadas no livro "Hammer of Gods".
Uma das groupies era Bebe Buell, mãe de Liv Tyler, que só descobriu, anos depois, quem era o seu verdadeiro pai - o vocalista do Aerosmith e não Todd Rundgren. Steven Tyler não conviveu com Bebe Buell e afirma que a filha foi resultado do que acontecia nos anos 1970. Depois de tornar-se modelo, Liv Tyler participou de vídeos da banda do pai biológico.
Bebe Buell foi Miss Novembro da revista Playboy em 1974. Nessa revista, Christopher Napolitano escreveu um artigo com o título de "A história social dos rock stars e das supermodelos". Os depoimentos dos artistas, a seguir, foram retirados deste artigo (o mesmo acontece no caso das citações). A referência completa do artigo é:
NAPOLITANO, Christopher. The social history of rockstars and supermodels. Playboy, Chicago, 43 (5): 108, 109, 112, e 148, may 1996.
Napolitano fez uma longa lista dos casais e contou rápidas histórias dos encontros. Na sua opinião, tudo começou com o Studio 54, um espaço onde iam celebridades e, portanto, proporcionava o convívio de músicos de rock e modelos. Para seduzir as modelos, os rock stars utilizavam algumas estratégias: "deixavam os seus telefones com os bookers, contratavam as modelos para aparecerem nos seus vídeos ou iam, como convidados especiais, nas festas promovidas pelas agências." (p. 108) Rod Stewart era um deles, assim como Keith Richards, Eric Clapton, Adam Clayton (U2), Gene Simmons (Kiss), Mick Jagger - que namorou a modelo e a atual primeira dama da França, Carla Bruni -, Michael Hutchence (INXS) e Tico Torres (Bon Jovi).
Kelly Emberg, ex de Rod Stewart, tentava explicar o que acontecia: "os músicos de rock namoram supermodelos porque elas são lindas, fazem sucesso, são incrivelmente ingênuas e fáceis de serem influenciadas. Elas acreditam em tudo que um cara fala para elas." (p. 148) No segundo episódio da série "Sex and The City", a personagem principal, Carrie, também procurava entender a atração que as modelos exerciam sobre os homens.
O auge das supermodelos foi a década de 1980. Ficou famosa a frase de Linda Evangelista, afirmando que nãos sairia da cama por menos de 10.000 dólares. Dinheiro e fama era associados aos nomes de Cindy Crawford, Claudia Schiffer, Christy Turnlington, Naomi Campbell, Elle Macpherson, Kate Moss, Helena Christensen e Stephanie Seymour. Algumas ainda trabalham como modelos e causam polêmicas, como Kate Moss, que foi capa de uma revista inglesa, numa foto que a mostrava cheirando cocaína. Entretanto, as modelos que vieram depois não atingiram o status que as supermodels representavam.
Atualmente, muitas jovens ficam com pessoas só por elas serem famosas ou subirem nos palcos. Em relação aos shows nos Estados Unidos, na década de 1990, Alex James, baixista do Blur, afirmou: "nós não saímos com groupies quando estamos aqui. Nós só saímos com supermodels." (p. 148) Parece que a realidade não mudou muito, afinal, os músicos ainda se envolvem com suas fãs, sejam simples tietes ou modelos. Essa situação não deve mudar, mesmo considerando que nada será igual aos anos 1970 para as groupies ou os anos 1990 para as supermodels.
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SYD BARRET E O PINK FLOYD*
(*) Este texto foi escrito em janeiro de 2011.
Ouvi "The Dark Side of The Moon" do Pink Floyd na década de 1970. As músicas eram tocadas em algumas festas. A fase psicodélica, com a liderança de Syd Barret, ouvi, pela primeira vez, era Brasília, na casa de parentes. Na época, achei o som estranho. Gostava mais das bandas de rock pesado.
O Pink Floyd teve três fases, representadas pelos seus músicos principais em cada período: Syd Barrett, Roger Waters e David Gilmour. A última fase, como trio, e sem a presença de Waters, nem é considerada, para muitos, uma fase do grupo. De fato, o trio parecia mais uma banda cover nos shows e, nos discos, somente repetia as fórmulas do passado. No mesmo período, os cds solos de Roger Waters eram mais interessantes. A maior parte da produção do Floyd foi feita sob a liderança de Waters, passando, inclusive, pelo sucesso de "The Wall" e encerrando com "The Final Cut".
Com Syd Barret, foram dois álbuns: "The Piper at the Gates of Dawn" e "A Saucerful of Secrets". O guitarrista original, por causa de doses de LSD, foi considerado louco e sem condições de continuar na banda. Foi substituído por David Gilmour. O caso dele foi diferente do Brian Jones, líder dos Rolling Stones nos anos 1960, que foi demitido e morreu em seguida. Os outros membros do Pink Floyd tentaram manter Barrett no grupo, mesmo considerando que ele não tinha condições psicológicas de participar dos shows. Entretanto, não foi possível e Gilmour entrou no seu lugar.
Syd Barrett, ídolo no início do Pink Floyd, tornou-se um recluso depois da metade da década de 1970. Voltou a morar com a família e faleceu em 2006. Foi criado um certo mito em torno do seu nome. Os outros membros nunca deixaram de citá-lo e fazer elogios quanto à sua influência e à sua participação na história do Floyd.
Acredito que as brigas entre Waters e Gilmour pelos direitos do Pink Floyd mancharam a trajetória do grupo. David Gilmour errou ao insistir com discos e shows usando o nome do Floyd e sem a participação de Waters. De certa forma, aquele que não era membro original liderou a fase da decadência do supergrupo. É triste ver os dvds dessa última fase: uma multidão de músicos no palco e um excesso de luzes e recursos tecnológicos. Ainda bem que existem outras opções, como o filme, gravado em 1971, "Live At Pompeii".
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JIMMY PAGE & KEITH RICHARDS
A minha banda de rock preferida é o Led Zeppelin. Todos os álbuns são perfeitos. Encerraram a carreira no auge e pronto. As apresentações que ocorreram com os membros juntos - como no casamento de Jason Bonham, no Live Aid ou no show da Atlantic Records -, eles recusaram o uso do nome da banda. Somente em 2007, numa homenagem especial, eles usaram o nome do grupo e tocaram uma hora e meia. Foi o evento do ano na Inglaterra. Mick Jagger estava lá, para conferir o show.
Na década de 1970, havia uma rivalidade entre as bandas. No entanto, de fato, o Jimmy Page participou, como convidado, de alguns discos dos Rolling Stones, tanto nos anos 1960 como nos anos 1980. Ele tem a admiração de Keith Richards.
Felizmente, eu tive a oportunidade de ver os dois guitarristas tocarem ao vivo. Vi o Jimmy Page duas vezes e o Keith Richards cinco, todas aqui no Brasil. Em relação aos Rolling Stones, em 2006, eu havia comprado os ingressos para ver o show deles em Frankfurt, mas não foi possível fazer a viagem.
Não vi o Led Zeppelin, nem o Yardbirds, nem The Firm. Nunca vi o John Paul Jones tocar ao vivo - adoro o seu disco "Zooma", a música "Drum n' Bass" é perfeita.
Quanto aos Stones, a primeira vez foi inesquecível: em São Paulo, caía um chuva muito forte e fiquei com medo do show ser cancelado. O Barão Vermelho, que abriu o show, tentou, mas não deu para tocar debaixo de daquela chuva, por causa dos choques elétricos dos instrumentos - coisa que não aconteceria com os Stones.
Era a "Voodoo Lounge Tour". Apesar da chuva, a banda entrou no horário e os músicos tocaram normalmente, Mick Jagger, com um chapéu, cantando, dançando e animando o público como se fosse um dia de sol.
Foi muito profissionalismo, o que se confirmaria nos outros shows que vi deles. Lembro-me, além das músicas, da cobra gigante sobre o palco jorrando fogo e o final com a festa de fogos de artifício - coisa que não aconteceu no show de Copacabana em 2006.
O melhor show que vi deles foi na "Bridges To Babylon Tour", na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro. Bob Dylan abriu para os Stones e cantou junto com eles "Like a Rolling Stone". Fiquei na pista, na primeira fila. Perfeito. Uma imagem que marcou foi o início, com todas as luzes apagadas e somente o Keith Richards entrou no palco e tocou os acordes iniciais de "Satisfaction". A Apoteose veio "abaixo", claro... Quando ele foi cantar no lugar do Mick Jagger, como sempre acontece, teve que esperar um pouco, pois o público, para recepcioná-lo, não parava de gritar "tô maluco!" Tratava-se de uma referência clara ao passado de drogas do guitarrista.
Enfim, utilizando as palavras da banda: "time waits for no one". Foi bom ter vivido esses momentos. "Life can be cool sometimes..."
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ROCK AND ROLL ALL NITE
O rock do grupo Kiss marcou a minha adolescência. Eu era ingênuo.
Como já comentei, décadas depois, vi o show com a formação original aqui no Brasil, em Interlagos, inclusive utilizando óculos 3D em alguns momentos.
Enfim, musicalmente, o show não foi bom - exceto "Rock and Roll All Nite" -, nunca vi uma baixista tão ruim como o Gene Simmons. Peter Criss está muito velho e, como comentei no Twitter, ele, no show, parecia mais um baterista de baile da terceira idade do que de uma banda de rock. Paul Stanley se considera o cara que deve animar a platéia... mas ele conversa demais...
O músico mesmo é Ace Frehley. Neste show, parecia que ele realmente estava em outro planeta, tocando sozinho. Ele é alcoólatra. Devia ser estar bêbado ou drogado no dia. Imagino que, com aqueles companheiros de banda, não deve ter sobrado outra alternativa para ele para lidar com tal realidade...
E o Gene Simmons não entende por que os músicos saem do Kiss? Hello?! Se o dono da banda fosse uma baixista como ele, acredito que, se fosse músico, também que não ficaria ali por muito tempo.
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RIVALIDADES E INTRIGAS NO ROCK N' ROLL
Quem gosta de rock, sabe que a "alma" dos Rolling Stones seria o Keith Richards. O Mick Jagger seria o "showman" e o economista, aquele que cuidaria administrar da própria imagem e saberia como tirar proveito da banda. Existe uma história (ou seria lenda?) que quando o Jagger decidiu escrever as suas memórias, se deparou com um problema: ele não lembrava de nada...
Jagger tentou carreira solo na década de 1980, mas não deu certo. Richards foi claro: ele precisa da banda. Estava certo. Os Rolling Stones nunca separaram ou pararam de gravar ou de fazer shows. Há uma continuidade na história do grupo, definida a partir da dupla de compositores.
Durante muito tempo, os Stones carregaram o título de maior banda de rock do mundo, mesmo na década de 1970, quando o destaque era o Led Zeppelin. Tudo seria perfeito se, antes deles, não existissem os Beatles. O olhar de John Lennon para Jagger e seu grupo sempre foi de um certo desprezo. Mesmo em sua última entrevista, antes de ser assassinado, Lennon ironizava o fato dos Stones ainda estarem juntos:
"Quando você tem 16 anos é certo ter companhias e ídolos masculinos. É coisa de tribo, tudo bem. Mas, quando você ainda faz isso aos 40, significa que, na cabeça, você ainda não passou dos 16."
Na mesma entrevista, Lennon disse que ele e o Paul McCartney deram uma música para os Rolling Stones: "I wanna be your man". E completou:
"uma esmola. Isso mostra a importância que a gente atribuía a eles. Nós não lhes daríamos algo que fosse realmente estrondoso, não é?"
O desprezo de Lennon em relação ao Mick Jagger aparece claro no musical organizado pelos Stones "Rock n' Roll Circus". Nas entrevistas, o vocalista dos Beatles sempre se referia à Jagger como "Michael"...
A competição entre os músicos de rock nunca foi novidade. Jimmy Page, na época do auge do Led Zeppelin, quando o grupo quebrava todos os recordes de público e de venda de discos, reclamava que a imprensa insistia em dar destaque aos Stones. Não foi por acaso, que durante a existência do grupo, raras eram as entrevistas de Page, Plant, Jones e Bonham. Em atividade, o Led Zeppelin não aparecia em programas de televisão. Preferiam mostrar suas músicas ao vivo, nos shows e nos álbuns. Quando acharam que deviam dizer algo, fizeram um filme: "The Song Remains The Same". A banda acabou em 1980, com a morte do baterista. Como os Beatles, apesar das ofertas milionárias, os músicos recusaram seguir em frente sem John Bonham, o que só reforçaria o mito que se criou em torno do grupo.
Qualquer história do rock n' roll, inclui necessariamente os Beatles, os Rolling Stones e o Led Zeppelin. Houve músicos antes e depois, claro, mas os três aparecem como referências fundamentais para se entender a música feita na segunda metade do século XX.
Assim, as rivalidades e intrigas podem ser lembradas. No entanto, não como algo determinante. Elas servem mais para criar os mitos deste estilo musical, que, no final das contas, acabam sendo negadas pelos músicos, como foi o caso do livro "Hammer of Gods", que tratava dos bastidores das tournées do Led Zeppelin.
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O ROCK REPETIU...
...isso tem a ver com algumas frases famosas no rock: "o rock errou" (Lobão) e "o rock n' roll está morto" ( Jesus and Mary Chain).
O Brasil tornou-se um destino das tours dos grandes grupos de rock, o que antes acontecia somente com os países da Europa, os Estados Unidos, a Austrália e o Japão. A notícia é boa, claro. O problema seria o que há de "novo" no rock? Desde o fim do Nirvana, parece que nada aconteceu.
Para o ano que vem, anunciaram a vinda de Ozzy Osbourne (vi ao vivo em 1985), U2 (vi em 1998 e 2001), Red Hot Chili Peppers (vi em 1993) e Metallica (vi duas vezes, no Parque Antártica e no Estacionamento do Anhembi). Essas duas últimas atrações estarão no Rock in Rio. Tradicionalmente, aqui no Brasil, havia uma noite dedicada ao heavy metal. O Medina levou a Ivete Sangalo para o Rock in Rio Lisboa. O meu receio é que ele crie uma noite para o "axé music" também.
A popularidade do axé, do pagode e do sertanejo não pode ser explicada pela ausência de novidade no rock, pois os estilos musicais citados existem só aqui. Provavelmente, a crise de criatividade do rock seja mais grave. Os amantes do jazz certamente diriam que isso um dia iria acontecer. O mais grave é que para a maioria, isso não faz diferença. Os shows continuam lotados e os músicos ainda ganham fortunas.
Como explicar isso? Uma hipótese seria o surgimento de uma nova geração que nunca viu os Rolling Stones ao vivo, por exemplo. Por isso, é comum ver famílias inteiras em shows de bandas que antes representavam a rebeldia. Outro hipótese é que o show de rock é, antes de tudo, um evento, uma festa, com bebidas, luzes, barulho e até fogos de artifício.
A hipocrisia dos músicos impressiona. Ver o baterista do Metallica tomando champanhe e gastando milhões de dólares num leilão de arte - no documentário "Some Kind of Stranger" - ou assistir ao Paul McCartney cantando a música "Give a Peace a Chance" - sucesso da carreira solo de John Lennon - leva a questionar onde foi parar aquilo que havia de protesto e de originalidade no rock. Vi o Paul McCartney a primeira vez que ele tocou no Brasil, no Maracanã. Pelo menos naquele show, o máximo que ele fez - e tinha esse direito, claro - foi tocar músicas dos Beatles. John Lennon não se considerava "amigo" de McCartney e chegou até a pedir para o ex-companheiro de banda que parasse de ir ao seu apartamento sem avisar.
Enfim, sempre foi dito que uma música de três acordes não poderia ser levada a sério. A vantagem do rock era a sua capacidade de mobilizar multidões. Se na década de 1960, houve transformações benéficas e democráticas para a sociedade, depois dos anos 1970, nem o movimento punk conseguiu impedir a decadência e o cinismo, características que, atualmente, servem para a maioria dos grupos em atividade.
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CONSTANTINE, CHARMED E LED ZEPPELIN
John Constantine, dos quadrinhos e do filme, lida com o mal de uma maneira diferente. Ele fuma muito e não é educado, mas é o personagem principal e ajuda as pessoas. Possui poderes especiais para lutar contra os demônios - colocados na história na perspectiva tradicional de inferno e céu. O que muda, é a "forma" que Constantine faz o bem.
Na série da década de 1990, "Charmed", permanece a luta entre o bem e o mal. Entretanto, existe um outra perspectiva. Tradicionalmente, os anjos são do céu e as bruxas do mal. Na série, existem as "bruxas boas" - que defendem os inocentes - e as "bruxas más" - representadas por "warlocks" - que tentam destruí-las e, assim, adquirir os seus poderes.
Na primeira temporada, as atrizes Shannon Doherty, Holly Marie Combs e Alyssa Milano faziam os papéis das bruxas chamadas "Chamed Ones" e suas ações eram orientadas pelo "Livro das Sombras", cujo símbolo era o mesmo da série e o mesmo usado por John Paul Jones na época do Led Zeppelin. Em 1971, no seu quarto disco, os membros da banda utilizaram quatro símbolos no lugar do nome do grupo. No período, Jimmy Page, guitarrista e líder, era envolvido com ocultismo e, em suas entrevistas, criticava o cristianismo. O sucesso do grupo esteve associado à "magia negra" e aos excessos (como envolvimento com adolescentes, bebidas, drogas e violência) - basta ler o "Hammer of Gods".
Nesta época, outra banda, Black Sabbath, era associada à "magia negra". No entanto, de acordo com os seus membros, a idéia era escrever letras e fazer músicas como se produziam filmes de terror, ou seja, que eles nunca foram envolvidos com ocultismo. O mesmo não acontecia no caso do Led Zeppelin. O filme do grupo, "The Song Remains The Same", e as letras ambíguas, cheias de simbolismo, como o seu maior sucesso, "Stairway To Heaven", reforçavam as fantasias em torno do conjunto, cuja história começou em 1968 e terminou em 1980 - com a morte de John Bonham, o baterista.
Na série da TV, apesar de usar símbolos e mitos relacionados à magia, a dualidade entre bem e mal era clara. Nesta perspectiva, a história de John Constantine era mais complexada e sofisticada. No que diz respeito ao Led Zeppelin, basta ler as entrevistas e os documentos produzidos pelos membros da banda na década de 1970.
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