OLIVEIRA, Selmane Felipe de (2011). Urzeit. Http://profelipego.weebly.com/urzeit.html
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Direitos Autorais Protegidos
Obra registrada na Fundação Biblioteca Nacional
Copyright 2011 / Selmane Felipe de Oliveira
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MODELOS E CÉREBROS
MOËT & CHANDON
SABÁTICO
NÃO-EXISTÊNCIA
REJEIÇÃO FEMININA
ORDEM E ANARQUIA
GÓTICO ?
CATEGORIAS MASCULINAS ?
A INSIGNIFICÂNCIA DO SER E DO SABER ?
OMITIR, MENTIR OU ASSUMIR
"BULLYING"
VOCÊ É FELIZ?
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MODELOS E CÉREBROS
A década de 1980 foi das supermodelos (em termos, claro). O interessante é que a música síntese delas (inclusive com a participação das principais garotas) tenha sido "Freedom 90" de George Michael. Na época, o cantor fazia pose de "sex symbol" e, posteriormente, assumiria a sua homossexualidade. Não seria por acaso.
Por que alguém namora ou sai com uma modelo? Para se mostrar, é óbvio. Não tem nada a ver com a modelo. Ela seria como uma ferrari, um objeto que você adquire para mostrar aos outros que você pode e que você é diferente ou (para os ingênuos) que você seria superior.
Na época que participava das seleções para a pós-graduação no Rio de Janeiro, um mestrando da PUC me disse algo que hoje eu entendo: "você fica fascinado com a língua francesa e com as européias... Vou te dizer uma coisa, comi uma francesa e não foi bom... Nem de longe se compara com uma mulata na cama..."
Ele estava certo. Já me envolvi sexualmente com modelos, negras, orientais, gostosas, magras, gordas, feias, lindas, etc, etc... No final, como diria Mr. Big do Sex and The City, a que importa é aquela que te faz sorrir. É isso.
Faz tempo que não tenho saco para o tipo "gostosa, burra e chata". Peço licença e simplesmente desapareço. Sei que não adiantaria conversar. Nem perco o meu tempo, assim como não explico por que estou em tal lugar ou não. Não sou o que você esperava? "Too bad..."
Quanto às supermodelos, Mr. Big estava equivocado quando dizia que eram apenas "beautiful things". Elas não sabem, claro, mas representam mais do que isso. E esse é o problema: como explicar para "coisas" que elas podem representar (também) algo negativo para a sociedade? Hmm... Não dá. Se for se envolver, vale uma vez - o preço é caro (não em dinheiro...e sim em presentes...), mas pelo menos você pode gozar na hora e falar mal depois.
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MOËT & CHANDON
Ser objeto de exposição aos olhares de todos deve ser um saco. Isso é ser famoso. Muitas pessoas têm esse objetivo na vida. Entretanto, nem todas conseguem realizá-lo.
David Bowie, antes de ser famoso, aparecia - o verbo é esse mesmo: "aparecer" - na televisão inglesa como o líder de um movimento que lutava pelos direito dos homens terem cabelos longos. Ridículo? Muito. Pelo menos, posteriormente, ele conseguiu o que realmente queria: ser uma celebridade.
Imagino que pior do que ser famoso deve ser ex-famoso. Adam Ant entrou em crise séria nos primeiros anos do novo milênio porque não era mais famoso. Como ele poderia resolver isso? Provavelmente você nunca ouviu falar de Adam Ant. Então, como ele poderia ser famoso? Ele não fez sucesso nos Estados Unidos - portanto, não ficou conhecido por aqui -, mas liderou a principal banda pop na Europa no início da década de 1980: Adam and the Ants. Na época, entre os jovens europeus, não se falava em outra coisa. Passou.
Numa matéria na revista Interview, neste período (anos 1980), a companheira de Keith Richards ironizava o fato dele acreditar na própria imagem. Ela dizia que ele se sentia um superherói, mas que sabia o que ele ia fazer no banheiro: usar heroína. Janis Joplin morreu de overdose. Ela explicava por que usava heroína: "vou fazer uma música sobre o que é fazer amor com 25.000 pessoas num concerto e depois voltar para o quarto sozinha." (Rock Espetacular, p. 116)
Alguns podem argumentar que ser famoso é ser VIP (Very Important Person) e que o indivíduo teria acesso aos melhores lugares e às boas coisas da vida, como caviar, Moët & Chandon e Cohibas. Contudo, a pessoa pode ser VIP sem se expor aos outros, basta ter (muito) dinheiro. Ah, por favor, não chame Moët & Chandon de espumante.
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SABÁTICO
Acordo cedo. Engraçado, eu que exagerava nas noitadas, tornei-me "a morning person..." Hoje ouvi Chopin. Tomo chá e leio durante todo o dia.
Algumas vezes, no meio da semana, vou a pé ao clube, ler algum livro em alemão perto da piscina ou do rio. Atualmente, leio "Was heisst Denken?" de Martin Heidegger.
Em alguns momentos, escrevo ou vejo algum filme ou série de TV.
Durmo bastante. Não tenho preocupação com horários. Faço o que tenho vontade na hora. Não tenho pressa.
Não converso com as pessoas. Fico isolado. Sou educado, se saio, cumprimento-as cordialmente. Não mais do que isso.
É fase? Não sei. Talvez seja o sabático. Talvez.
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NÃO-EXISTÊNCIA
Sartre já dizia que o problema do homem era ele mesmo e não estava relacionado a existência (ou não) de Deus. No cristianismo, os aspectos negativos - como pecado, ira ou punição - são enfatizados de uma maneira exagerada. Neste sentido, Marilena Chaui apresenta uma questão e uma alternativa:
"Como é que, de um lado, um Deus bom e misericordioso cria uma criatura fraca, que vai falhar, e pune a falha? Ao estudar Espinosa, descobri um Deus que passa longe disso, que é energia da natureza inteira e do qual somos uma parcela. Cada um de nós é, na sua realização finita, uma expressão dessa força infinita, que é a divindade." (Chaui, Primeira Leitura, 2003, p. 21)
Definir o conceito de Deus é um exercício de reflexão, não mais do que isso. Pensar sobre a existência é uma forma de encontrar respostas para melhorar a vida cotidiana. A dificuldade está em admitir a não-existência. Como imaginar que um dia eu deixarei de existir? Provavelmente, o instinto pela sobrevivência atrapalhe essa percepção. Nascer para viver (existir) e, ao mesmo tempo, refletir sobre a não-existência? Não é fácil. Não haverá uma resposta. No entanto, como na vida, a origem e o final não dizem respeito ao homem. Ele deve se contentar em vivenciar o processo. Nada mal.
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REJEIÇÃO FEMININA
Um homem pode sofrer efeitos desastrosos com a rejeição feminina. É óbvio? Talvez, basta ver o andamento de uma festa, na medida em que bebem e são rejeitados pelos garotas, os homens tendem a ficar violentos. Não é por acaso que justamente aqueles que não conseguiram seduzir alguém são os que iniciam as provocações e as brigas. Depois da festa, sem alternativa, acabam contratando os serviços de uma garota de programa. Senso comum? Provavelmente.
Numa revista italiana - Mix Maxim -, é afirmado que "quando uma mulher rejeita as cantadas de um homem, ativa um mecanismo no qual o afeta de modo negativo tanto no lado psicológico como no físico." As conseqüências, de acordo com a revista, podem ser "stress, aumento da pressão no sangue, tensão muscular, depressão, insônia, autodestruição, vídeopoker, dependência de remédios, frustração, perda de peso, alcoolismo, suicídio e ataque de pânico." (resumo livre das informações do artigo) Basicamente, o ato da rejeição levaria ao homem a escolha de quatro caminhos: "1) aumento no consumo de drogas; 2) aumento no consumo de álcool, 3) recorrer a uma prostituta e 4) sintoma de loucura."
A solução proposta pela Mix Maxim é simples: as mulheres deveriam facilitar a sedução. Simples? O que os homens dizem das mulheres "fáceis"? A sedução é um jogo, talvez por isso as mulheres dizem "não" quando querem falar "sim". Elas não falam o que desejam. Usam uma linguagem não-verbal. Sabem o poder que têm - quando estão sóbrias, pelo menos... Sim, porque o excesso de álcool afeta não só o comportamento do homem. Aliás, "deixar" a garota alcoolizada é uma das mais velhas e óbvias táticas para facilitar a conquista. Existem ainda aqueles menos preparados e desonestos que colocam drogas nas bebidas das mulheres. Aparentemente, vale quase tudo no processo de sedução. Ainda bem que existem algumas leis que inibem o estupro e outros comportamentos. No entanto, o que deveria ser questionado é: até que ponto alguém pode chegar na conquista do seu objetivo?
A pergunta é ampla pois serve tanto no caso masculino como no feminino. Quem não se lembra do filme "Atração Fatal"? A sedução é um jogo de poder com um objetivo claramente definido: a conquista. Do ponto de vista emocional, pode ser um desastre para os homens - como lembra a Mix Maxim - e/ou para as mulheres. Solução? Nenhuma. Alguns diriam que seria essa incerteza que tornaria o jogo interessante. Outros afirmariam que tudo seria somente a realização de instintos biológicos. Talvez não seja possível generalizar. Não existe um modelo. Cada caso é diferente e imprevisível. É arriscar... ou não.
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ORDEM E ANARQUIA
Apesar de um dos melhores professores do mestrado ter ironizado o filme "Batman" de Tim Burton, confesso que sempre gostei da atuação do Jack Nicholson como "The Joker" (o coringa). Não imaginava que algum ator pudesse superá-lo no papel. Estava enganado. Heath Ledger em "The Dark Knight" (O Cavalheiro das Trevas) superou. Algumas falas do roteiro somadas a sua atuação soam perfeitas. Lembram a velha problemática: sanidade e loucura ou planejamento/racionalidade e caos ou ordem e anarquia. Pode ser relacionada ainda aos clássicos versos dos Sex Pistols - que citei em outros artigos:
"I'm an antichrist
I'm an anarchist
I don't know what I want
But I know how I get it
I wanna destroy"
Basicamente, a letra da música diz que a lógica não é possível. O caos predomina na vida e no universo. John D. Biroc (da teoria do caos) afirma que "não seria possível fazer previsões de longo prazo." Então, para quê planejar? O personagem Coringa, no filme O Cavalheiro das Trevas, fala:
"The Mob has plans. The cops have plans.
You Known? I just do things.
I try to show the schemers how pathetic their attempts to control things really are.
(...) Introduce a little anarchy and everything becomes caos."
Mais uma vez, aparece a defesa da anarquia contra a ordem. É dada a ênfase do quão patético pode ser a tentativa de controlar as coisas com os planos. Por que as pessoas insistem nisto? Simples: para se sentirem seguras e para dar algum sentido à vida. Acreditam numa lógica. Fé e razão são associadas para explicar tudo, para dar coerência a um ser - como diriam os filósofos - que nasce para a morte. Ela, a morte, define a vida e não o contrário.
História em Quadrinhos (Batman e Coringa) e rock (Sex Pistols) não são coisas sérias. Mas e a vida? Quem poderia negar que isso tudo aqui não seria uma grande piada? Ou, para utilizar as palavras de Alan Moore: "the killing joke..." Who knows ?
[obs.: os trechos em inglês pode ser traduzidos automaticamente com a ferramenta de idiomas do Google.]
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GÓTICO ?
Quem me conhece sabe que quando vejo filmes em casa ou pego um livro para folhear, sempre começo pelo fim. Me interessa mais saber como aquela história foi construída. Outros analisam a obsessão pelo"fim" associada à morte. Uso só camisetas pretas. Minhas toalhas são pretas. Acho mais prático assim. Alguns dizem que essa preferência tem a ver com a minha depressão.
Quando era criança, gostava de passear pelos corredores do cemitério que havia perto da minha casa. Sempre gostei de chuva. Desligo aparelhos de CDs ou DVDs para ouvir o barulho da chuva. Para as pessoas, um dia bonito é um dia de sol. Eu gosto de ver a chuva, estando em casa, no carro ou a pé. Quando leio biografias, gosto de saber, primeiro, como foi a morte do indivíduo. Gosto dos grupos do chamado "gothic rock" (o termo é polêmico).
O que significa isso? Alguns diriam que trata-se de um "suicida". Contudo, tenho 49 anos e e nenhuma tentativa. Penso muito na morte - me divirto com isso - e tenho depressão - aqui já não é brincadeira.
O fato é que, pelo menos até agora, no máximo que se poderia dizer a meu respeito é que eu teria tendências suicidas - o que acho uma teoria razoável. Outros poderiam achar que seria apenas outro "gótico" - ou "dark", como era conhecido o tipo, aqui no Brasil, na década de 1980. Neste último caso, não daria para ser considerado efetivamente, na medida em que esse "rótulo" é pouco para dar conta da complexidade de um ser humano.
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CATEGORIAS MASCULINAS ?
Uma antiga revista italiana "Fox Uomo" (2005, n° 2, p. 72-75) separou os homens em quatro categorias: (1) o fugitivo - "il fuggitivo", (2) o antipático - "l'antipatico", (3) o malvado - 'bad boy' - "il cattivo" e (4) o homem em crise - "l'uomo in crisi". Quatro tipos que devem ser evitados, claro. O problema é o homem que, de alguma maneira, não tenha uma destas características. Outro problema seria que as mulheres mesmo desconfiando disto, acabam assumindo as relações... Reclamam depois para as amigas. No entanto, o comum é repetir o "erro".
No nosso caso - os homens -, justificamos as categorias por vários motivos. Normalmente, não assumindo que elas seriam um problema para nós. Uma justificativa seria a nossa criação. Se existem culpados, seriam, portanto, nossos pais. Outra seria transferir a culpa para a mulher: ela que "busca" homens assim, se você fez algo que ela não gostasse, de fato, estaria apenas realizando o "real" desejo dela.
Não é segredo que as mulheres não gostam de homens "bonzinhos". Elas reforçam o preconceito, qualificando-os de gays. Se ele liga todo dia, seria um chato, pois não sai do pé. Se ele não liga, é porque não se importa com a relação. Não existe um meio termo.
Se ele for do tipo antipático, a sua família vai odiá-lo e você achará injusto, pois todo mundo te tratou bem. Se sua família gosta dele, por ser educado e cavalheiro, você perde o interesse.
Homem em crise não tem jeito: é um saco. Mulher pode reclamar da vida, do namorado e dos amigos. "Boys don't cry". É simples. Por quê existe essa diferença? O homem quer fazer sexo com a mulher - ela foi educada para dificultar as coisas - e o resultado é que ele finge que ouve tudo que ela fala - aquele desabafo que dura horas... - pois, no final, viria a recompensa (na medida em que ele foi tão legal...).
Alguns homens começam as relações mas depois desaparecem. Têm a capacidade de não cumprimentar a mulher que dormiu com ele no dia anterior. O mais comum, é esse tipo evitar o encontro. Dar o telefone errado ou quando ela liga, não atende ou pede alguém para dizer que aquele celular não é mais dele.
Se a relação durou mais de dois meses, tornou-se namoro e fugir fica mais difícil. Contudo, não é uma opção que pode ser descartada, pois terminar com ela pode não ser fácil, ainda mais se você desconfia que ela está gostando - homem evitar usar o verbo "amar" - de você. Se tem que acontecer, a estratégia mais óbvia é escolher um lugar público. Outro mecanismo seria o velho "não é com você, é comigo" ou "eu não te mereço", algo do gênero. Falar que dará só um tempo é óbvio demais e provavelmente não dará certo. Além do mais, você deixa uma brecha para ela te procurar depois.
Em resumo, as mulheres têm todos os motivos para fugir dos homens, sobretudo os que se enquadram naquelas quatro categorias. A questão que fica é: e aí? Ficar sozinha? Acredito que a maioria imagina que "desta vez" será diferente e que esse cara é realmente o que ele promete. Isso chama-se ilusão. Diante da realidade das mulheres, reconheço que pode se chamar isso de "opção".
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A INSIGNIFICÂNCIA DO SER E DO SABER ?
Que fique claro: nós vivemos num mundo material. Portanto, somos sujeitos nesse mundo levando em consideração certas condições objetivas. Concordo com esses pressupostos e eles são marxistas.
Aquilo que não é material importa? Depende. O próprio uso do depende responde a pergunta. Em outras palavras, podemos pensar, questionar e problematizar sobre o que não é material, mas é só isso. Jacques Lacan afirma: "dizer que há sujeito, não é outra coisa senão dizer que há hipótese." (Livro 20 - mais, ainda -, p.194) Ou seja, essa é uma forma de problematizar. Não quer dizer que está certo ou errado, trata-se somente de uma reflexão.
A história da humanidade é feita com dualismo: dia e noite, bom e mal, corpo e alma e assim por diante. A base do saber do homem está associada a sua relação com a natureza, portanto, está ligada à sua sobrevivência. Neste sentido, o sol aparece com figura central. Da dualidade dia e noite, serão construídas várias teorias - inclusive, religiões e profecias. É a partir da observação do sol e das estrelas, que o homem tenta estabelecer algum controle sobre a natureza e mesmo organizar a sua vida - com calendários, por exemplo.
A vida vista pelo zodíaco é uma forma de enxergar ordem e coerência no mundo. O oposto seria a teoria do caos - usada pela física e pela psicoterapia. Nesse ponto de vista, não há causa e efeito, não existe lógica. O que define a vida é o caos.
O saber religioso é feito a partir da fé. Contudo, num mundo dominado pela razão, mesmo os líderes religiosos usam a lógica para justificar os seus dogmas. Os cientistas também utilizam a lógica como instrumento de argumentação. Assim, o importante não seria identificar somente as diferenças entre os conhecimentos científico e teológico e sim saber se o pressuposto essencial seria ordem ou caos.
Tudo isso, claro, não é certeza. Como a frase de Lacan, o adequado seria colocar essas frases como reflexões, não mais do que isso.
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OMITIR, MENTIR OU ASSUMIR
Até aos 50 anos, vivemos os momentos como novidades, acreditando em sonhos e que a vida necessariamente melhorará. Por isso, elaboramos planos e achamos que, com eles, poderemos controlar nossas vidas e o futuro. Após os 50, entramos, como disse um professor, numa contagem regressiva em direção à morte. Nesta fase, ocorrem os ataques cardíacos, AVCs (acidentes vasculhares celebrais) e as crises de ansiedade e de depressão.
Ter sonhos e fazer planos com 20 anos é natural. A ilusão faz parte dessa fase. Manter essa postura depois dos 50, é agravar um quadro que em si já é complicado. Por exemplo, trabalhar em excesso, como se faz na época posterior à faculdade, pode levar ao estresse ou ao caso de doenças graves, como os AVCs, que deixam seqüelas nos indivíduos, o que só piora a situação. A maturidade e o reconhecimento dos limites impostos ao corpo humano podem ajudar neste período.
Assumir a idade não significa descuidar da saúde ou da aparência. Importa fazer aquilo que o indivíduo sente bem. A maioria, por exemplo, pinta os cabelos, pois os fios brancos incomodariam. O que antes era um hábito feminino, hoje é aceito para os homens também. Isso vale para as cirurgias plásticas. Nada demais. O que não pode acontecer é "acreditar" que não passou dos 50 anos.
Não é possível esconder a idade. Quando você conversa e comenta experiências e fatos, naturalmente, sem querer, você "entrega" que já passou dos 40 ou dos 50 anos. Se o assunto for política, você diz que lembra da comoção nacional na época da morte de Tancredo Neves. Esquece que isso foi em 1985... Pronto, se o seu interlocutor ou a sua ouvinte tiver 20 anos, significa que ele (a) nasceu 1990 e todo o seu disfarce desmorona nesse momento. Por isso, você pode omitir, mesmo sabendo que uma hora você pode revelar a idade como no exemplo citado. O que não pode é mentir, pois é errado e você estaria subestimando a inteligência do outro, o que não seria nem um pouco educado e o resultado que você esperava da conversa acaba sendo negativo.
O tempo passa para todos e a morte é uma certeza. Então, o melhor é relaxar e usufruir os bons momentos que podem ocorrer na vida, seja aos 20, aos 50 ou aos 80 anos.
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"BULLYING"
As crianças, por instinto, na maioria dos casos, são egoístas. Os adolescentes adoram ridicularizar uns aos outros. Com o avanço da tecnologia, veio o problema do "bullying". Um jovem nos Estados Unidos suicidou após ser divulgado um vídeo, feito sem seu conhecimento, dele beijando outra pessoa do mesmo sexo. Não foi o único caso, o que levou, recentemente, à realização de uma campanha contra essa forma de humilhação e os conseqüentes suicídios.
Antigamente, nas escolas, havia o boato, o que gerava desconfiança e hostilidade dos colegas. No entanto, existindo a dúvida, o boato era questionado e, com o tempo, esquecido. Hoje é diferente. Os celulares modernos, com suas câmeras, produzem provas do que aconteceu e quando elas são divulgadas na internet, tornam-se públicas e de fácil acesso para os colegas e para o mundo inteiro. O que era boato, agora, aparece como "fato", a possibilidade da dúvida é descartada e o que sobra é a fúria e o grande número de agressões contra a vítima. Os suicídios dos adolescentes norte-americanos são conseqüências disto.
O preconceito sempre existiu. A dúvida, por parte da vítima, era uma estratégia de defesa. O que mudou, com a tecnologia, foi o "lado" da vítima, que, atualmente, vê a morte como a única saída. A música da campanha e os depoimentos das celebridades enfatizam que a vítima, mesmo se sentido sozinha, teria que lutar pela vida.
E o preconceito? Os valores que são a base desta sociedade não são discutidos ou destacados na campanha? O foco na vítima pode ter o efeito contrário ao esperado. Fica parecendo que a causa de todo o processo seria a homossexualidade (ou a "vulgaridade" da vítima), ou seja, se ela fosse normal como os colegas, nada disso ocorreria. Em suma, é uma ajuda que não esclarece e muito menos toca no foco do problema: o respeito às diferenças. Tudo isso aflora num país que é mostrado como modelo de democracia para o mundo. Esta é a realidade. A tecnologia desmascara os mitos de igualdade e generosidade que tentamos associar aos seres humanos.
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VOCÊ É FELIZ?
Existem várias perguntas idiotas. Entre as principais, na minha opinião, está a famosa (e bem generalizante): você é feliz? Deve ser assim, "no geral"... não pode ser algo como você está feliz com o seu carro? (que também não é das melhores). A questão sobre ser feliz tem o poder de irritar, na hora, o ouvinte. Você pensa: "como assim? está falando sério? seria falta de assunto?" O pior é que diante de uma pergunta imbecil, você tem que dar uma resposta educada.
Por quê essa pergunta seria idiota? Ora, ninguém é feliz. Todo mundo, toda hora, tem que fazer escolhas, lidar com problemas e coisas imprevisíveis. Aliás, não ser feliz em sentido pleno é o que faz cada um sair da cama. Ou seja, os indivíduos precisam dos problemas. Por isso, aliás, muitos inventam crises que, de fato, não existem. Esse quadro é comum entre os ansiosos, aqueles que começam a frase com: mas SE... Acontece também na relações amorosas: tudo está funcionando bem e você precisa inventar algo para "esquentar" a relação. Um exemplo desta situação é o filme "Eyes Wide Shut" ("De olhos bem fechados"), com o Tom Cruise e a Nicole Kidman.
Muitos profissionais analisam a busca da felicidade... Ela estaria perdida em algum canto? Dá para levar à sério? A busca de significa que ela não está aqui, no presente, mas pode estar no futuro. Essa é uma boa forma de ganhar dinheiro no presente, seja escrevendo livros ou realizando palestras de motivação. Pior, se as palestras foram pagas pela empresa em que você trabalha, você tem que participar e ainda, no final, dizer, publicamente, claro, que foi bom e que você se sente motivado. Quem nunca participou de uma reunião, palestra ou seminário assim? De fato, você se sente um idiota tendo que participar daqueles jogos ridículos de motivação, tanto que nos intervalos, se você tiver um amigo de confiança, provavelmente os dois, falando baixo, irão ironizar todo aquele "teatro".
Existem também as pessoas que não enxergam os problemas. Elas vivem na ilusão. Elas fracassam e acreditam que fizeram sucesso. Mesmo nesse caso, diante da pergunta - você é feliz? - deve surgir algum tipo de desconforto: ou a pessoa lembra que teve dificuldades para dormir na noite passada ou passa pela sua cabeça que ver o seu marido beijando outra mulher no shopping não foi coisa da sua "imaginação"... Enfim, ela pensa: que pergunta desagradável, o que será que esse indivíduo quis dizer com isso?
Alguns acreditam que perguntar não ofende. É uma ilusão. Pode ofender sim: a pergunta em si, o tipo de pergunta, o ambiente em que foi feita... Isso sem falar na desconfiança, na medida em que você estava quieto (a) e vieram "te cutucar".
Como sair de um momento desses sem deixar de ser educado? Muitos escolhem a ironia e o sorriso falso. Isso não resolve, contudo, o fato de você ter escolhido estar ali e, portanto, estar sujeito a esse tipo de situação desagradável. Essa outra parte você resolve com autocrítica ou com a ajuda de um psicanalista.
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Obra registrada na Fundação Biblioteca Nacional
Copyright 2011 / Selmane Felipe de Oliveira
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MODELOS E CÉREBROS
MOËT & CHANDON
SABÁTICO
NÃO-EXISTÊNCIA
REJEIÇÃO FEMININA
ORDEM E ANARQUIA
GÓTICO ?
CATEGORIAS MASCULINAS ?
A INSIGNIFICÂNCIA DO SER E DO SABER ?
OMITIR, MENTIR OU ASSUMIR
"BULLYING"
VOCÊ É FELIZ?
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MODELOS E CÉREBROS
A década de 1980 foi das supermodelos (em termos, claro). O interessante é que a música síntese delas (inclusive com a participação das principais garotas) tenha sido "Freedom 90" de George Michael. Na época, o cantor fazia pose de "sex symbol" e, posteriormente, assumiria a sua homossexualidade. Não seria por acaso.
Por que alguém namora ou sai com uma modelo? Para se mostrar, é óbvio. Não tem nada a ver com a modelo. Ela seria como uma ferrari, um objeto que você adquire para mostrar aos outros que você pode e que você é diferente ou (para os ingênuos) que você seria superior.
Na época que participava das seleções para a pós-graduação no Rio de Janeiro, um mestrando da PUC me disse algo que hoje eu entendo: "você fica fascinado com a língua francesa e com as européias... Vou te dizer uma coisa, comi uma francesa e não foi bom... Nem de longe se compara com uma mulata na cama..."
Ele estava certo. Já me envolvi sexualmente com modelos, negras, orientais, gostosas, magras, gordas, feias, lindas, etc, etc... No final, como diria Mr. Big do Sex and The City, a que importa é aquela que te faz sorrir. É isso.
Faz tempo que não tenho saco para o tipo "gostosa, burra e chata". Peço licença e simplesmente desapareço. Sei que não adiantaria conversar. Nem perco o meu tempo, assim como não explico por que estou em tal lugar ou não. Não sou o que você esperava? "Too bad..."
Quanto às supermodelos, Mr. Big estava equivocado quando dizia que eram apenas "beautiful things". Elas não sabem, claro, mas representam mais do que isso. E esse é o problema: como explicar para "coisas" que elas podem representar (também) algo negativo para a sociedade? Hmm... Não dá. Se for se envolver, vale uma vez - o preço é caro (não em dinheiro...e sim em presentes...), mas pelo menos você pode gozar na hora e falar mal depois.
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MOËT & CHANDON
Ser objeto de exposição aos olhares de todos deve ser um saco. Isso é ser famoso. Muitas pessoas têm esse objetivo na vida. Entretanto, nem todas conseguem realizá-lo.
David Bowie, antes de ser famoso, aparecia - o verbo é esse mesmo: "aparecer" - na televisão inglesa como o líder de um movimento que lutava pelos direito dos homens terem cabelos longos. Ridículo? Muito. Pelo menos, posteriormente, ele conseguiu o que realmente queria: ser uma celebridade.
Imagino que pior do que ser famoso deve ser ex-famoso. Adam Ant entrou em crise séria nos primeiros anos do novo milênio porque não era mais famoso. Como ele poderia resolver isso? Provavelmente você nunca ouviu falar de Adam Ant. Então, como ele poderia ser famoso? Ele não fez sucesso nos Estados Unidos - portanto, não ficou conhecido por aqui -, mas liderou a principal banda pop na Europa no início da década de 1980: Adam and the Ants. Na época, entre os jovens europeus, não se falava em outra coisa. Passou.
Numa matéria na revista Interview, neste período (anos 1980), a companheira de Keith Richards ironizava o fato dele acreditar na própria imagem. Ela dizia que ele se sentia um superherói, mas que sabia o que ele ia fazer no banheiro: usar heroína. Janis Joplin morreu de overdose. Ela explicava por que usava heroína: "vou fazer uma música sobre o que é fazer amor com 25.000 pessoas num concerto e depois voltar para o quarto sozinha." (Rock Espetacular, p. 116)
Alguns podem argumentar que ser famoso é ser VIP (Very Important Person) e que o indivíduo teria acesso aos melhores lugares e às boas coisas da vida, como caviar, Moët & Chandon e Cohibas. Contudo, a pessoa pode ser VIP sem se expor aos outros, basta ter (muito) dinheiro. Ah, por favor, não chame Moët & Chandon de espumante.
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SABÁTICO
Acordo cedo. Engraçado, eu que exagerava nas noitadas, tornei-me "a morning person..." Hoje ouvi Chopin. Tomo chá e leio durante todo o dia.
Algumas vezes, no meio da semana, vou a pé ao clube, ler algum livro em alemão perto da piscina ou do rio. Atualmente, leio "Was heisst Denken?" de Martin Heidegger.
Em alguns momentos, escrevo ou vejo algum filme ou série de TV.
Durmo bastante. Não tenho preocupação com horários. Faço o que tenho vontade na hora. Não tenho pressa.
Não converso com as pessoas. Fico isolado. Sou educado, se saio, cumprimento-as cordialmente. Não mais do que isso.
É fase? Não sei. Talvez seja o sabático. Talvez.
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NÃO-EXISTÊNCIA
Sartre já dizia que o problema do homem era ele mesmo e não estava relacionado a existência (ou não) de Deus. No cristianismo, os aspectos negativos - como pecado, ira ou punição - são enfatizados de uma maneira exagerada. Neste sentido, Marilena Chaui apresenta uma questão e uma alternativa:
"Como é que, de um lado, um Deus bom e misericordioso cria uma criatura fraca, que vai falhar, e pune a falha? Ao estudar Espinosa, descobri um Deus que passa longe disso, que é energia da natureza inteira e do qual somos uma parcela. Cada um de nós é, na sua realização finita, uma expressão dessa força infinita, que é a divindade." (Chaui, Primeira Leitura, 2003, p. 21)
Definir o conceito de Deus é um exercício de reflexão, não mais do que isso. Pensar sobre a existência é uma forma de encontrar respostas para melhorar a vida cotidiana. A dificuldade está em admitir a não-existência. Como imaginar que um dia eu deixarei de existir? Provavelmente, o instinto pela sobrevivência atrapalhe essa percepção. Nascer para viver (existir) e, ao mesmo tempo, refletir sobre a não-existência? Não é fácil. Não haverá uma resposta. No entanto, como na vida, a origem e o final não dizem respeito ao homem. Ele deve se contentar em vivenciar o processo. Nada mal.
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REJEIÇÃO FEMININA
Um homem pode sofrer efeitos desastrosos com a rejeição feminina. É óbvio? Talvez, basta ver o andamento de uma festa, na medida em que bebem e são rejeitados pelos garotas, os homens tendem a ficar violentos. Não é por acaso que justamente aqueles que não conseguiram seduzir alguém são os que iniciam as provocações e as brigas. Depois da festa, sem alternativa, acabam contratando os serviços de uma garota de programa. Senso comum? Provavelmente.
Numa revista italiana - Mix Maxim -, é afirmado que "quando uma mulher rejeita as cantadas de um homem, ativa um mecanismo no qual o afeta de modo negativo tanto no lado psicológico como no físico." As conseqüências, de acordo com a revista, podem ser "stress, aumento da pressão no sangue, tensão muscular, depressão, insônia, autodestruição, vídeopoker, dependência de remédios, frustração, perda de peso, alcoolismo, suicídio e ataque de pânico." (resumo livre das informações do artigo) Basicamente, o ato da rejeição levaria ao homem a escolha de quatro caminhos: "1) aumento no consumo de drogas; 2) aumento no consumo de álcool, 3) recorrer a uma prostituta e 4) sintoma de loucura."
A solução proposta pela Mix Maxim é simples: as mulheres deveriam facilitar a sedução. Simples? O que os homens dizem das mulheres "fáceis"? A sedução é um jogo, talvez por isso as mulheres dizem "não" quando querem falar "sim". Elas não falam o que desejam. Usam uma linguagem não-verbal. Sabem o poder que têm - quando estão sóbrias, pelo menos... Sim, porque o excesso de álcool afeta não só o comportamento do homem. Aliás, "deixar" a garota alcoolizada é uma das mais velhas e óbvias táticas para facilitar a conquista. Existem ainda aqueles menos preparados e desonestos que colocam drogas nas bebidas das mulheres. Aparentemente, vale quase tudo no processo de sedução. Ainda bem que existem algumas leis que inibem o estupro e outros comportamentos. No entanto, o que deveria ser questionado é: até que ponto alguém pode chegar na conquista do seu objetivo?
A pergunta é ampla pois serve tanto no caso masculino como no feminino. Quem não se lembra do filme "Atração Fatal"? A sedução é um jogo de poder com um objetivo claramente definido: a conquista. Do ponto de vista emocional, pode ser um desastre para os homens - como lembra a Mix Maxim - e/ou para as mulheres. Solução? Nenhuma. Alguns diriam que seria essa incerteza que tornaria o jogo interessante. Outros afirmariam que tudo seria somente a realização de instintos biológicos. Talvez não seja possível generalizar. Não existe um modelo. Cada caso é diferente e imprevisível. É arriscar... ou não.
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ORDEM E ANARQUIA
Apesar de um dos melhores professores do mestrado ter ironizado o filme "Batman" de Tim Burton, confesso que sempre gostei da atuação do Jack Nicholson como "The Joker" (o coringa). Não imaginava que algum ator pudesse superá-lo no papel. Estava enganado. Heath Ledger em "The Dark Knight" (O Cavalheiro das Trevas) superou. Algumas falas do roteiro somadas a sua atuação soam perfeitas. Lembram a velha problemática: sanidade e loucura ou planejamento/racionalidade e caos ou ordem e anarquia. Pode ser relacionada ainda aos clássicos versos dos Sex Pistols - que citei em outros artigos:
"I'm an antichrist
I'm an anarchist
I don't know what I want
But I know how I get it
I wanna destroy"
Basicamente, a letra da música diz que a lógica não é possível. O caos predomina na vida e no universo. John D. Biroc (da teoria do caos) afirma que "não seria possível fazer previsões de longo prazo." Então, para quê planejar? O personagem Coringa, no filme O Cavalheiro das Trevas, fala:
"The Mob has plans. The cops have plans.
You Known? I just do things.
I try to show the schemers how pathetic their attempts to control things really are.
(...) Introduce a little anarchy and everything becomes caos."
Mais uma vez, aparece a defesa da anarquia contra a ordem. É dada a ênfase do quão patético pode ser a tentativa de controlar as coisas com os planos. Por que as pessoas insistem nisto? Simples: para se sentirem seguras e para dar algum sentido à vida. Acreditam numa lógica. Fé e razão são associadas para explicar tudo, para dar coerência a um ser - como diriam os filósofos - que nasce para a morte. Ela, a morte, define a vida e não o contrário.
História em Quadrinhos (Batman e Coringa) e rock (Sex Pistols) não são coisas sérias. Mas e a vida? Quem poderia negar que isso tudo aqui não seria uma grande piada? Ou, para utilizar as palavras de Alan Moore: "the killing joke..." Who knows ?
[obs.: os trechos em inglês pode ser traduzidos automaticamente com a ferramenta de idiomas do Google.]
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GÓTICO ?
Quem me conhece sabe que quando vejo filmes em casa ou pego um livro para folhear, sempre começo pelo fim. Me interessa mais saber como aquela história foi construída. Outros analisam a obsessão pelo"fim" associada à morte. Uso só camisetas pretas. Minhas toalhas são pretas. Acho mais prático assim. Alguns dizem que essa preferência tem a ver com a minha depressão.
Quando era criança, gostava de passear pelos corredores do cemitério que havia perto da minha casa. Sempre gostei de chuva. Desligo aparelhos de CDs ou DVDs para ouvir o barulho da chuva. Para as pessoas, um dia bonito é um dia de sol. Eu gosto de ver a chuva, estando em casa, no carro ou a pé. Quando leio biografias, gosto de saber, primeiro, como foi a morte do indivíduo. Gosto dos grupos do chamado "gothic rock" (o termo é polêmico).
O que significa isso? Alguns diriam que trata-se de um "suicida". Contudo, tenho 49 anos e e nenhuma tentativa. Penso muito na morte - me divirto com isso - e tenho depressão - aqui já não é brincadeira.
O fato é que, pelo menos até agora, no máximo que se poderia dizer a meu respeito é que eu teria tendências suicidas - o que acho uma teoria razoável. Outros poderiam achar que seria apenas outro "gótico" - ou "dark", como era conhecido o tipo, aqui no Brasil, na década de 1980. Neste último caso, não daria para ser considerado efetivamente, na medida em que esse "rótulo" é pouco para dar conta da complexidade de um ser humano.
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CATEGORIAS MASCULINAS ?
Uma antiga revista italiana "Fox Uomo" (2005, n° 2, p. 72-75) separou os homens em quatro categorias: (1) o fugitivo - "il fuggitivo", (2) o antipático - "l'antipatico", (3) o malvado - 'bad boy' - "il cattivo" e (4) o homem em crise - "l'uomo in crisi". Quatro tipos que devem ser evitados, claro. O problema é o homem que, de alguma maneira, não tenha uma destas características. Outro problema seria que as mulheres mesmo desconfiando disto, acabam assumindo as relações... Reclamam depois para as amigas. No entanto, o comum é repetir o "erro".
No nosso caso - os homens -, justificamos as categorias por vários motivos. Normalmente, não assumindo que elas seriam um problema para nós. Uma justificativa seria a nossa criação. Se existem culpados, seriam, portanto, nossos pais. Outra seria transferir a culpa para a mulher: ela que "busca" homens assim, se você fez algo que ela não gostasse, de fato, estaria apenas realizando o "real" desejo dela.
Não é segredo que as mulheres não gostam de homens "bonzinhos". Elas reforçam o preconceito, qualificando-os de gays. Se ele liga todo dia, seria um chato, pois não sai do pé. Se ele não liga, é porque não se importa com a relação. Não existe um meio termo.
Se ele for do tipo antipático, a sua família vai odiá-lo e você achará injusto, pois todo mundo te tratou bem. Se sua família gosta dele, por ser educado e cavalheiro, você perde o interesse.
Homem em crise não tem jeito: é um saco. Mulher pode reclamar da vida, do namorado e dos amigos. "Boys don't cry". É simples. Por quê existe essa diferença? O homem quer fazer sexo com a mulher - ela foi educada para dificultar as coisas - e o resultado é que ele finge que ouve tudo que ela fala - aquele desabafo que dura horas... - pois, no final, viria a recompensa (na medida em que ele foi tão legal...).
Alguns homens começam as relações mas depois desaparecem. Têm a capacidade de não cumprimentar a mulher que dormiu com ele no dia anterior. O mais comum, é esse tipo evitar o encontro. Dar o telefone errado ou quando ela liga, não atende ou pede alguém para dizer que aquele celular não é mais dele.
Se a relação durou mais de dois meses, tornou-se namoro e fugir fica mais difícil. Contudo, não é uma opção que pode ser descartada, pois terminar com ela pode não ser fácil, ainda mais se você desconfia que ela está gostando - homem evitar usar o verbo "amar" - de você. Se tem que acontecer, a estratégia mais óbvia é escolher um lugar público. Outro mecanismo seria o velho "não é com você, é comigo" ou "eu não te mereço", algo do gênero. Falar que dará só um tempo é óbvio demais e provavelmente não dará certo. Além do mais, você deixa uma brecha para ela te procurar depois.
Em resumo, as mulheres têm todos os motivos para fugir dos homens, sobretudo os que se enquadram naquelas quatro categorias. A questão que fica é: e aí? Ficar sozinha? Acredito que a maioria imagina que "desta vez" será diferente e que esse cara é realmente o que ele promete. Isso chama-se ilusão. Diante da realidade das mulheres, reconheço que pode se chamar isso de "opção".
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A INSIGNIFICÂNCIA DO SER E DO SABER ?
Que fique claro: nós vivemos num mundo material. Portanto, somos sujeitos nesse mundo levando em consideração certas condições objetivas. Concordo com esses pressupostos e eles são marxistas.
Aquilo que não é material importa? Depende. O próprio uso do depende responde a pergunta. Em outras palavras, podemos pensar, questionar e problematizar sobre o que não é material, mas é só isso. Jacques Lacan afirma: "dizer que há sujeito, não é outra coisa senão dizer que há hipótese." (Livro 20 - mais, ainda -, p.194) Ou seja, essa é uma forma de problematizar. Não quer dizer que está certo ou errado, trata-se somente de uma reflexão.
A história da humanidade é feita com dualismo: dia e noite, bom e mal, corpo e alma e assim por diante. A base do saber do homem está associada a sua relação com a natureza, portanto, está ligada à sua sobrevivência. Neste sentido, o sol aparece com figura central. Da dualidade dia e noite, serão construídas várias teorias - inclusive, religiões e profecias. É a partir da observação do sol e das estrelas, que o homem tenta estabelecer algum controle sobre a natureza e mesmo organizar a sua vida - com calendários, por exemplo.
A vida vista pelo zodíaco é uma forma de enxergar ordem e coerência no mundo. O oposto seria a teoria do caos - usada pela física e pela psicoterapia. Nesse ponto de vista, não há causa e efeito, não existe lógica. O que define a vida é o caos.
O saber religioso é feito a partir da fé. Contudo, num mundo dominado pela razão, mesmo os líderes religiosos usam a lógica para justificar os seus dogmas. Os cientistas também utilizam a lógica como instrumento de argumentação. Assim, o importante não seria identificar somente as diferenças entre os conhecimentos científico e teológico e sim saber se o pressuposto essencial seria ordem ou caos.
Tudo isso, claro, não é certeza. Como a frase de Lacan, o adequado seria colocar essas frases como reflexões, não mais do que isso.
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OMITIR, MENTIR OU ASSUMIR
Até aos 50 anos, vivemos os momentos como novidades, acreditando em sonhos e que a vida necessariamente melhorará. Por isso, elaboramos planos e achamos que, com eles, poderemos controlar nossas vidas e o futuro. Após os 50, entramos, como disse um professor, numa contagem regressiva em direção à morte. Nesta fase, ocorrem os ataques cardíacos, AVCs (acidentes vasculhares celebrais) e as crises de ansiedade e de depressão.
Ter sonhos e fazer planos com 20 anos é natural. A ilusão faz parte dessa fase. Manter essa postura depois dos 50, é agravar um quadro que em si já é complicado. Por exemplo, trabalhar em excesso, como se faz na época posterior à faculdade, pode levar ao estresse ou ao caso de doenças graves, como os AVCs, que deixam seqüelas nos indivíduos, o que só piora a situação. A maturidade e o reconhecimento dos limites impostos ao corpo humano podem ajudar neste período.
Assumir a idade não significa descuidar da saúde ou da aparência. Importa fazer aquilo que o indivíduo sente bem. A maioria, por exemplo, pinta os cabelos, pois os fios brancos incomodariam. O que antes era um hábito feminino, hoje é aceito para os homens também. Isso vale para as cirurgias plásticas. Nada demais. O que não pode acontecer é "acreditar" que não passou dos 50 anos.
Não é possível esconder a idade. Quando você conversa e comenta experiências e fatos, naturalmente, sem querer, você "entrega" que já passou dos 40 ou dos 50 anos. Se o assunto for política, você diz que lembra da comoção nacional na época da morte de Tancredo Neves. Esquece que isso foi em 1985... Pronto, se o seu interlocutor ou a sua ouvinte tiver 20 anos, significa que ele (a) nasceu 1990 e todo o seu disfarce desmorona nesse momento. Por isso, você pode omitir, mesmo sabendo que uma hora você pode revelar a idade como no exemplo citado. O que não pode é mentir, pois é errado e você estaria subestimando a inteligência do outro, o que não seria nem um pouco educado e o resultado que você esperava da conversa acaba sendo negativo.
O tempo passa para todos e a morte é uma certeza. Então, o melhor é relaxar e usufruir os bons momentos que podem ocorrer na vida, seja aos 20, aos 50 ou aos 80 anos.
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"BULLYING"
As crianças, por instinto, na maioria dos casos, são egoístas. Os adolescentes adoram ridicularizar uns aos outros. Com o avanço da tecnologia, veio o problema do "bullying". Um jovem nos Estados Unidos suicidou após ser divulgado um vídeo, feito sem seu conhecimento, dele beijando outra pessoa do mesmo sexo. Não foi o único caso, o que levou, recentemente, à realização de uma campanha contra essa forma de humilhação e os conseqüentes suicídios.
Antigamente, nas escolas, havia o boato, o que gerava desconfiança e hostilidade dos colegas. No entanto, existindo a dúvida, o boato era questionado e, com o tempo, esquecido. Hoje é diferente. Os celulares modernos, com suas câmeras, produzem provas do que aconteceu e quando elas são divulgadas na internet, tornam-se públicas e de fácil acesso para os colegas e para o mundo inteiro. O que era boato, agora, aparece como "fato", a possibilidade da dúvida é descartada e o que sobra é a fúria e o grande número de agressões contra a vítima. Os suicídios dos adolescentes norte-americanos são conseqüências disto.
O preconceito sempre existiu. A dúvida, por parte da vítima, era uma estratégia de defesa. O que mudou, com a tecnologia, foi o "lado" da vítima, que, atualmente, vê a morte como a única saída. A música da campanha e os depoimentos das celebridades enfatizam que a vítima, mesmo se sentido sozinha, teria que lutar pela vida.
E o preconceito? Os valores que são a base desta sociedade não são discutidos ou destacados na campanha? O foco na vítima pode ter o efeito contrário ao esperado. Fica parecendo que a causa de todo o processo seria a homossexualidade (ou a "vulgaridade" da vítima), ou seja, se ela fosse normal como os colegas, nada disso ocorreria. Em suma, é uma ajuda que não esclarece e muito menos toca no foco do problema: o respeito às diferenças. Tudo isso aflora num país que é mostrado como modelo de democracia para o mundo. Esta é a realidade. A tecnologia desmascara os mitos de igualdade e generosidade que tentamos associar aos seres humanos.
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VOCÊ É FELIZ?
Existem várias perguntas idiotas. Entre as principais, na minha opinião, está a famosa (e bem generalizante): você é feliz? Deve ser assim, "no geral"... não pode ser algo como você está feliz com o seu carro? (que também não é das melhores). A questão sobre ser feliz tem o poder de irritar, na hora, o ouvinte. Você pensa: "como assim? está falando sério? seria falta de assunto?" O pior é que diante de uma pergunta imbecil, você tem que dar uma resposta educada.
Por quê essa pergunta seria idiota? Ora, ninguém é feliz. Todo mundo, toda hora, tem que fazer escolhas, lidar com problemas e coisas imprevisíveis. Aliás, não ser feliz em sentido pleno é o que faz cada um sair da cama. Ou seja, os indivíduos precisam dos problemas. Por isso, aliás, muitos inventam crises que, de fato, não existem. Esse quadro é comum entre os ansiosos, aqueles que começam a frase com: mas SE... Acontece também na relações amorosas: tudo está funcionando bem e você precisa inventar algo para "esquentar" a relação. Um exemplo desta situação é o filme "Eyes Wide Shut" ("De olhos bem fechados"), com o Tom Cruise e a Nicole Kidman.
Muitos profissionais analisam a busca da felicidade... Ela estaria perdida em algum canto? Dá para levar à sério? A busca de significa que ela não está aqui, no presente, mas pode estar no futuro. Essa é uma boa forma de ganhar dinheiro no presente, seja escrevendo livros ou realizando palestras de motivação. Pior, se as palestras foram pagas pela empresa em que você trabalha, você tem que participar e ainda, no final, dizer, publicamente, claro, que foi bom e que você se sente motivado. Quem nunca participou de uma reunião, palestra ou seminário assim? De fato, você se sente um idiota tendo que participar daqueles jogos ridículos de motivação, tanto que nos intervalos, se você tiver um amigo de confiança, provavelmente os dois, falando baixo, irão ironizar todo aquele "teatro".
Existem também as pessoas que não enxergam os problemas. Elas vivem na ilusão. Elas fracassam e acreditam que fizeram sucesso. Mesmo nesse caso, diante da pergunta - você é feliz? - deve surgir algum tipo de desconforto: ou a pessoa lembra que teve dificuldades para dormir na noite passada ou passa pela sua cabeça que ver o seu marido beijando outra mulher no shopping não foi coisa da sua "imaginação"... Enfim, ela pensa: que pergunta desagradável, o que será que esse indivíduo quis dizer com isso?
Alguns acreditam que perguntar não ofende. É uma ilusão. Pode ofender sim: a pergunta em si, o tipo de pergunta, o ambiente em que foi feita... Isso sem falar na desconfiança, na medida em que você estava quieto (a) e vieram "te cutucar".
Como sair de um momento desses sem deixar de ser educado? Muitos escolhem a ironia e o sorriso falso. Isso não resolve, contudo, o fato de você ter escolhido estar ali e, portanto, estar sujeito a esse tipo de situação desagradável. Essa outra parte você resolve com autocrítica ou com a ajuda de um psicanalista.
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